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terça-feira, 26 de junho de 2012

Tradição, Festa e Religiosidade



Pelas ruas da cidade algumas cenas com o mesmo enredo são vistas em diferentes bairros, geralmente a tardinha ou a noite. São cenas interessantes que chamam a atenção principalmente pelo figurino dos protagonistas e figurantes. Senhoras, jovens e meninas com tranças no cabelo, laços de fitas coloridas ou cabelos penteados ao estilo caipira. Os vestidos rodados com babados e fitas coloridas amarradas à cintura dão um toque de graça e alegria aos rostos bem maquiados, até com certo exagero nas cores da sombra e batom, além das pintinhas nas bochechas rosadas.
            Os homens, entre estes senhores na terceira idade, jovens e crianças, todos trajando calças com remendos e palhas de milho nos bolsos, bigode feito a lápis preto, camisas geralmente xadrez ou florida e chapéu de palha na cabeça. Um figurino perfeito para representar as tradições do povo caipira e principalmente o traje perfeito para celebrar os santos populares e protetores dos mais humildes trabalhadores do sertão e do cerrado.
            Estas cenas que venho assistindo durante o mês de junho me encantam pela alegria, descontração e fé de tantos que apesar das mudanças sociais continuam mantendo viva a cultura e a fé popular do povo brasileiro, principalmente dos goianos e nordestinos. Além do figurino, o tema musical das cenas é outro ponto que chama a atenção e prende o telespectador. Penso que da mesma forma que o repertório musical de novelas de épocas exibidas pela Rede Globo, as músicas também remetem à simplicidade e principalmente a alegria daqueles que continuam mantendo vivas tradições milenares.
            Que beleza as cores, as luzes coloridas, os balões, as bandeirolas, o pau de sebo e a fogueira em chamas; sem falar na cultura e na fé dos protagonistas que encantam pela simpatia. O batismo na fogueira que nada mais é que um pretexto para adquirir mais um compadre e comadre, é o ponto auto da cena, sem falar na quadrilha, no arrasta-pé e nas comidas típicas, a maioria derivada do milho. Quem não se delicia e até exagera diante da barraca de pamonha, caldo, pé-de-moleque e quentão?
            Essas cenas não são cômicas, apesar do casamento caipira, do figurino e das danças; ao contrário, são cenas históricas, educativas e um verdadeiro resgate cultural. A alegria e festa observadas nestas cenas trazem uma mensagem central, a fé e a verdadeira identidade do povo brasileiro, principalmente dos goianos e nordestinos, e como Rio Verde está se tornando um grande reduto destes últimos, nada mais justo que ver nas cenas urbanas deste mês, a tradição, a cultura e a fé dessa gente que não precisa de dinheiro, carro importado ou roupas de grife para fazer parte das festas na cidade, ao contrário, se divertem e contagiam pela simplicidade.
            Que bom que cenas de diversão, alegria, devoção, fé e comemorações a Santo Antônio, São João, São Pedro e a Santíssima Trindade continuam dando ibope! 


Na noite de São João fizemos uma festa bem legal quando nos reunimos na chácara do meu pai e fetejamos o santo precursor de Jesus Cristo, São João Batista. O ponto alto da festa foi a fogueira e o batismo simbólico da pequena Lívia, minha sobrinha, uma tradição que herdamos dos nossos avós. Para o meu pai, hoje com  77 anos de idade, reunir a família, rezar o terço e seguir os costumes antigos é motivo de muita alegria, por isso a cada ano o acompanhamos nesta comemoração.