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quinta-feira, 22 de março de 2012

Paixão Brasileira


            A enchente de São José no final de semana quando as chuvas aumentaram torrencialmente, não foi empecilho para a grande movimentação das pessoas pelas ruas da cidade em direção ao Estádio de futebol. Nas vias de acesso ao local o tumulto era grande, filas quilométricas. Pessoas correndo para conseguir passar, mesmo que empurradas, pelos portões de acesso ao grande espetáculo. Muita gritaria, empurra-empurra e emoções a flor da pele.
            A cena lembrava os jogos no Maracanã entre grandes equipes nas tardes de domingo. Do lado de fora a confusão era grande, mas o espetáculo dentro do estádio era de tirar o fôlego. Crianças seguradas pelas mãos ou no colo do pai também agitavam, gritando o nome do seu time e de alguns jogadores como se esses fossem atender ao seu pedido e com grande esperança gritavam: “Vai Juninho, chuta, faz o gol!!! Outros aos berros xingavam o juiz, o bandeira e como de costume a pobre mãe do árbitro. 
            Olhando para a multidão no momento em que o time da casa estava perdendo, o que se via era um grande silêncio, homens e mulheres roendo as unhas ao mesmo tempo em que não desviavam os olhares do gramado, acompanhando cada lance como se ali estivesse sua própria vida. De repente toda a emoção contida explode em gritos, assovios, abraços, pulos e muita vibração, o gol tão esperado acontece, para a tristeza do adversário. Assim seguem outros lances da partida, cada vez mais emocionante, apesar do adversário conseguir empatar e virar o jogo.
            Segundo tempo, a adrenalina continua cada vez mais alta. Silêncio total na arquibancada até que de repente explode mais uma vez o grito de goooooool!!!!! O time da casa empata o jogo e a torcida vai ao delírio, o jogador corre para fora do gramado e comemora o gol com os paramédicos, arranca a camisa e extravasa toda a sua emoção daquele gol que o consagrara no momento como o melhor jogador da partida. Até aí tudo igual, empate para a alegria dos torcedores da casa que depois de vinte anos sem um time profissional consegue empatar com o melhor do campeonato.
            Cena ainda mais comovente, quando no primeiro minuto da prorrogação a equipe adversária consegue encaixar mais uma vez a bola e para a tristeza da equipe da casa, a derrota vem no finalzinho do jogo. Choro para alguns, alegria para outros que se emociona com o seu time quase se igualando ao famoso time da capital, pelo menos naquela partida. Um misto de decepção e alegria, sensação de dever cumprido, mas ao mesmo tempo de frustração, pois apenas um minuto foi decisivo para que o sonho de igualdade se acabasse naquele momento.
            Olhares de alegria, sorrisos, alguns de indignação e frustração, mas a maioria de esperança era o que se via em cada rosto; promessa de que numa próxima partida lá estarão novamente torcendo para que o seu time do coração continue existindo, mesmo que a duras penas e quem sabe, apesar das derrotas, de pé na primeira divisão. 

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